quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um desejo sexual reprimido

Dois caminhos / © Google Imagens

O fato de ser gay já nos dá o privilégio, digamos assim, de precocemente termos desejos extremamente repreendidos. E durante a nossa caminhada pela vida, a nossa função é apenas uma: aflorá-los.

Uma vez me disseram que podemos ser tudo aquilo o que queremos. Contudo, na minha adolescência, puberdade e estouro de espinhas, percebi que isto era apenas mais uma falácia.

Não, não podemos ser tudo aquilo o que queremos, desejamos ou buscamos. Na verdade, o que acontece é outra coisa: o nosso desejo, o que a gente quer, o que vivemos buscando é o que podemos ser ou fazer é o que a gente de fato quer. Esqueça a expressão "podemos ser tudo aquilo".

Atualmente próximo de completar duas décadas de vida, encontro-me num momento onde tenho e mantenho fervorosamente um desejo sexual reprimido, guardado a sete chaves, desejo este que, com base no meu orgulho ignorante, não afloro e tampouco assumo.

Conhecendo cada ponto do "inimigo"


A posição sexual, além da orientação homo, bi ou heterossexual, repartida em três distinções, sendo: ativo, passivo e até mesmo versátil (surgiu recentemente o reflexivo [?]) causa mais uma dúvida boba (será?) nessa nossa cabecinha gay. Unida ao orgulho, ao desprezo pelo papel mais efeminado e submisso e ao que os seus pais - depois de "saberem de você" - possam, "piormente", imaginar, complica cada vez mais este cenário de definição.

Conheço mais passivos do que ativo, haja vista que sempre fui engajado em não heterogeneizar meus contatos íntimos. Mais um ponto contra. Sou másculo, falo grosso e tem gente que sequer imagina minha "obscura" sexualidade. Mais um. Ah! Gostei de ser ativo. Legal! Mais um contra, que por muito tempo unicamente foi a favor, mas que, de qualquer forma, constrói na sua mente um sentimento de saciamento misturado ao sentimento de limitação e não afloramento.

Decidir sempre é algo difícil. Em qualquer aspecto de nossas vidas. De assumir ou não, de "comer" ou "dar", grosseiramente falando, a tarefa jamais se configurou como simples.

Namoro, ele é passivo. E "passivaço"! Já falei brincando, dei algumas indiretas temendo até um possível término de namoro - vai que ele acha que o meu negócio é só ser passivo? - só que a sua reação é sempre a mesma, um tanto indecisa, pouco negociável e desgostosa por tal ação.

E creio que o mesmo não acontece só comigo e tampouco no meu relacionamento. Se for solteiro pode ser até mais fácil, não é? (Marca com alguém...) Só que até a consciência pesa contra, pesa como se você fosse fazer algo que possa ferir seu orgulho, a possível descoberta sexual perante os demais e até seu(s) futuro(s) relacionamento(s). Afinal, há quem diga que tem muitos ânus para poucos pênis.

E creio mesmo, no fim das contas, que a parte realmente séria é trilhar um caminho, seguir nele e depois não conseguir se desviar.

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